SOLA SCRIPTURA 1 - O Eclipse das Escrituras Sagradas
SOLA SCRIPTURA 1 - O Eclipse das
Escrituras Sagradas (a era das trevas) - Em 31 de outubro de 1517, o monge
agostiniano Martin Luther (conhecido em português como Martinho Lutero), prega
suas 95 teses contra a venda das indulgências na porta da catedral de
Wittenberg. Trata-se de dia histórico para a reforma da igreja, que pode ser
sintetizada nas fórmulas das 5 solas: Sola Scriptura, Sola Fide, Sola Gratia,
Solus Christus e Soli Deo Gloria. Naquela época, o cenário social europeu que
precedeu a Reforma Protestante era caótico: "Em meados do século XIV,
houve um crescimento extraordinário na urbanização, atraindo desesperados às
cidades. Por volta do ano de 1320, quase todo o norte da Europa estava sofrendo
de fome, precipitada e disseminada por uma série de safras perdidas em
decorrência de um clima excepcionalmente ruim." Havia "sucessivas
enchentes, invernos rigorosos e secas severas. Rios pareciam transbordar com
terrível regularidade, varrendo pontes, colheitas e pessoas; invernos severos
congelavam rios, vinhas e animais. No verão, o calor queimava grãos de cereal e
secava poços. Fraca e malnutrida, a população foi atingida por surtos de febre
tifoide e, em seguida, pela terrível Peste negra em suas manifestações de peste
bubônica, pneumônica e septicêmica. A propagação da peste pela Europa foi
facilitada pelas melhorias nas frotas mercantes italianas, que permitiram aos
navios transportar, com rapidez, uma carga mortal e clandestina de ratos,
portadores de pulgas transmissoras da peste. Originada no Leste da Ásia, a
peste chegou à Sicília em outubro de 1347 pelos navios de Gênova, viajou
rapidamente pela Itália, infestou o sul da Alemanha na primavera de 1348 e, por
volta de junho do mesmo ano, a Inglaterra. Uma vez infectados, indivíduos
transmitiam a forma pneumônica da doença por intermédio de tosses e espirros,
inalados por outros. Furúnculos grandes e extremamente dolorosos, acompanhados
por manchas negras por causa do sangramento embaixo da pele, anunciando o
prelúdio para o estágio final de tosses violentas de sangue. "Toda
substância que transpirasse do corpo de pessoas contagiadas pela peste deixava
um odor insuportável: suor, excremento, saliva e respiração tão fétidos que
chegavam a ser insuportáveis; a urina era túrbida e espessa, escura ou
vermelha". Familiares e amigos abandonavam o adoentado, deixando-o morrer
sozinho e em agonia. No fim do século XV, apareceu a sífilis no continente como
outra grande doença epidêmica. A morte, nunca distante da mente das pessoas,
era aguçada existencialmente pela convicção de que tais doenças sinalizavam o
julgamento de Deus sobre uma humanidade pecadora. Diversas vezes houve pânico,
comportamento bizarro e projeção de culpa e medo em outros. Movimentos de
flagelação se engajavam em penitências sangrentas em prol de pecados pessoais e
coletivos, tidos como causadores da peste. Membros do movimento se flagelavam
três vezes ao dia. Ironicamente, hordas de seguidores atraídos pela procissão
ajudavam a espalhar a peste. O povo também intercedia ao santos, principalmente
Roque e Sebastião, em busca de proteção contra a peste. A peste era vista por
alguns como um complô judaico. O medo estimulou o preconceito; como
consequência, milhares de judeus foram assassinados na Europa. Como se
desastres naturais não fossem o suficiente, a comunidade humana conseguiu criar
sua própria peste de guerras; uma expressão prolongada dessa criação é a Guerra
dos Cem Anos (1337 - 1453). Revoltas camponesas também eram motivo de
destruição e obstrução da vida econômica e social" (LINDBERG, Carter.
História da Reforma. Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2017). Em meio a
este cenário, vemos que a religião cristã foi sendo transformada gradualmente
pela criação de doutrinas humanas, que passaram a substituir a Palavra bíblica.
A Bíblia estava presa no latim, que havia se tornado uma língua morta acessível
a uma mínima parte da população. Por outro lado, mesmo aqueles que conhecessem
o latim não tinham acesso à Bíblia, a não ser que fossem clérigos, o que pode
ser visto, por exemplo, nos seguintes concílios da igreja católica:
CONCÍLIO DE
TOULOUSE, 1229: "Cânone 14. Nós proibimos também que aos leigos seja
permitido ter os livros do Velho e do Novo Testamento".
CONCÍLIO DE
TARRAGONA, 1233: "Ninguém deve ter os livros do Antigo ou Novo Testamento
no idioma nacional. Se tiverem (...), eles devem entregar os livros para seu
bispo para serem queimados".
CONCÍLIO DE BÉZIERS, 1246: "Leigos não
deverão ter livros teológicos nem mesmo em latim, clérigos não deverão ter livros
teológicos na linguagem vulgar".
Esse cenário marca a "Era das
Trevas", um grande período histórico de grande obscurantismo pela falta de
acesso à Palavra de Deus: "O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o
conhecimento;" (Oséias 4.6 - ACF) Na sequência, assista SOLA SCRIPTURA 2 -
Tradição religiosa versus Sola Scriptura Assista a série completa #solascriptura no canal #aguasmaisprofundas
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