terça-feira, 31 de outubro de 2023

SOLA SCRIPTURA 1 - O Eclipse das Escrituras Sagradas

 SOLA SCRIPTURA 1 - O Eclipse das Escrituras Sagradas (a era das trevas) - Em 31 de outubro de 1517, o monge agostiniano Martin Luther (conhecido em português como Martinho Lutero), prega suas 95 teses contra a venda das indulgências na porta da catedral de Wittenberg. Trata-se de dia histórico para a reforma da igreja, que pode ser sintetizada nas fórmulas das 5 solas: Sola Scriptura, Sola Fide, Sola Gratia, Solus Christus e Soli Deo Gloria. Naquela época, o cenário social europeu que precedeu a Reforma Protestante era caótico: "Em meados do século XIV, houve um crescimento extraordinário na urbanização, atraindo desesperados às cidades. Por volta do ano de 1320, quase todo o norte da Europa estava sofrendo de fome, precipitada e disseminada por uma série de safras perdidas em decorrência de um clima excepcionalmente ruim." Havia "sucessivas enchentes, invernos rigorosos e secas severas. Rios pareciam transbordar com terrível regularidade, varrendo pontes, colheitas e pessoas; invernos severos congelavam rios, vinhas e animais. No verão, o calor queimava grãos de cereal e secava poços. Fraca e malnutrida, a população foi atingida por surtos de febre tifoide e, em seguida, pela terrível Peste negra em suas manifestações de peste bubônica, pneumônica e septicêmica. A propagação da peste pela Europa foi facilitada pelas melhorias nas frotas mercantes italianas, que permitiram aos navios transportar, com rapidez, uma carga mortal e clandestina de ratos, portadores de pulgas transmissoras da peste. Originada no Leste da Ásia, a peste chegou à Sicília em outubro de 1347 pelos navios de Gênova, viajou rapidamente pela Itália, infestou o sul da Alemanha na primavera de 1348 e, por volta de junho do mesmo ano, a Inglaterra. Uma vez infectados, indivíduos transmitiam a forma pneumônica da doença por intermédio de tosses e espirros, inalados por outros. Furúnculos grandes e extremamente dolorosos, acompanhados por manchas negras por causa do sangramento embaixo da pele, anunciando o prelúdio para o estágio final de tosses violentas de sangue. "Toda substância que transpirasse do corpo de pessoas contagiadas pela peste deixava um odor insuportável: suor, excremento, saliva e respiração tão fétidos que chegavam a ser insuportáveis; a urina era túrbida e espessa, escura ou vermelha". Familiares e amigos abandonavam o adoentado, deixando-o morrer sozinho e em agonia. No fim do século XV, apareceu a sífilis no continente como outra grande doença epidêmica. A morte, nunca distante da mente das pessoas, era aguçada existencialmente pela convicção de que tais doenças sinalizavam o julgamento de Deus sobre uma humanidade pecadora. Diversas vezes houve pânico, comportamento bizarro e projeção de culpa e medo em outros. Movimentos de flagelação se engajavam em penitências sangrentas em prol de pecados pessoais e coletivos, tidos como causadores da peste. Membros do movimento se flagelavam três vezes ao dia. Ironicamente, hordas de seguidores atraídos pela procissão ajudavam a espalhar a peste. O povo também intercedia ao santos, principalmente Roque e Sebastião, em busca de proteção contra a peste. A peste era vista por alguns como um complô judaico. O medo estimulou o preconceito; como consequência, milhares de judeus foram assassinados na Europa. Como se desastres naturais não fossem o suficiente, a comunidade humana conseguiu criar sua própria peste de guerras; uma expressão prolongada dessa criação é a Guerra dos Cem Anos (1337 - 1453). Revoltas camponesas também eram motivo de destruição e obstrução da vida econômica e social" (LINDBERG, Carter. História da Reforma. Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2017). Em meio a este cenário, vemos que a religião cristã foi sendo transformada gradualmente pela criação de doutrinas humanas, que passaram a substituir a Palavra bíblica. A Bíblia estava presa no latim, que havia se tornado uma língua morta acessível a uma mínima parte da população. Por outro lado, mesmo aqueles que conhecessem o latim não tinham acesso à Bíblia, a não ser que fossem clérigos, o que pode ser visto, por exemplo, nos seguintes concílios da igreja católica:

CONCÍLIO DE TOULOUSE, 1229: "Cânone 14. Nós proibimos também que aos leigos seja permitido ter os livros do Velho e do Novo Testamento".

CONCÍLIO DE TARRAGONA, 1233: "Ninguém deve ter os livros do Antigo ou Novo Testamento no idioma nacional. Se tiverem (...), eles devem entregar os livros para seu bispo para serem queimados".

CONCÍLIO DE BÉZIERS, 1246: "Leigos não deverão ter livros teológicos nem mesmo em latim, clérigos não deverão ter livros teológicos na linguagem vulgar".

Esse cenário marca a "Era das Trevas", um grande período histórico de grande obscurantismo pela falta de acesso à Palavra de Deus: "O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento;" (Oséias 4.6 - ACF) Na sequência, assista SOLA SCRIPTURA 2 - Tradição religiosa versus Sola Scriptura Assista a série completa #solascriptura no canal #aguasmaisprofundas

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